Fisioterapia nos Cuidados Paliativos: conforto, qualidade de vida, bem-estar físico, emocional e espiritual
Os cuidados paliativos foram definidos em 2002 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo "ações ativas e integrais prestadas a pacientes com doença progressiva e irreversível", onde o mais importante são os aspectos psicossociais e espirituais e o alívio da dor e do sofrimento da pessoa doente e de sua família. Sendo assim, o principal objetivo passa a ser o bem-estar do paciente.
Trata-se de "uma abordagem que aprimora a qualidade de vida, dos pacientes e famílias, que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual" por meio de um tratamento humanizado. (OMS, 2009).
Assim, esse método reúne profissionais de uma equipe multidisciplinar, todos juntos atuando em prol da evolução física e mental do paciente, buscando a diminuição do sofrimento e recuperação das habilidades funcionais remanescentes.
Nos cuidados paliativos, a Fisioterapia é indicada no controle da dor e sintomas, bem como na prescrição de recursos terapêuticos e de atividade física. Os cuidados paliativos devem ser observados como um cuidado para a vida e que, qualquer pessoa que tenha algum tipo de doença crônica está em cuidados paliativos. A atuação do profissional também consiste em aliviar e controlar sintomas, principalmente de dor, propor reflexões e adaptações para o enfrentamento da condição e, não menos importante, oferecer dignidade ao doente e seus familiares.
Dentre as atuações do fisioterapeuta, incluem a Cinesioterapia, que utiliza de movimentos como forma de tratamento, a partir de movimentos voluntários que ocasionam a mobilidade, permitindo restaurar ou melhorar o desempenho funcional dos segmentos corporais acometidos. Os programas de atividade física têm como finalidade, desenvolver a força e o trofismo muscular, o senso de propriocepção do movimento, resgatar a amplitude do movimento articular e prevenir a imobilidade no leito e a resistência à fadiga. O posicionamento funcional é importante principalmente para o paciente acamado. O uso da Eletroterapia também possui uma boa indicação para algumas queixas de dor.
As manobras e técnicas de relaxamento promovem a redução da influência do sistema nervoso autônomo simpático e/ou estimulação do sistema parassimpático, diminuindo a tensão muscular, a ansiedade e proporcionando o contato interpessoal do paciente. Fisiologicamente, leva a diminuição do consumo de oxigênio, repouso satisfatório, redução do tônus muscular, da pressão arterial, da frequência cardíaca e da frequência respiratória (MARCUCCI, 2003; GOMES, 2007; REIRIZ et al., 2009). Dentre essas técnicas encontra-se a Acupuntura, o Reiki e várias outras terapias complementares que podem auxiliar muito trabalhando não só o corpo físico, mas também o emocional e o espiritual do paciente.
Muitas vezes confundimo-nos ao falar de dor e de sofrimento. Temos que ter consciência que se trata de situações diferentes e que exigem uma abordagem distinta. O sofrimento pode estar acompanhado de dor ou não. Sofrimento inclui também a angústia perante a morte, a nostalgia em relação aos nossos entes queridos, a ansiedade relacionada com a incerteza do depois... O sofrimento constrói-se, muitas vezes sobre a própria dor física, mas não pode ser tratado com analgésicos. É imprescindível ter acesso ao espaço do "outro", um locus íntimo, profundo, onde crescem as raízes da angústia do doente, através da empatia com a sua dor e a criação de laços de confiança e carinho. O sofrimento cuida-se, não se trata! "O enfrentamento da dor exige medicamentos analgésicos, enquanto que o sofrimento solicita significado e sentido." Devemos tentar descobrir os motivos que causam sofrimento.
Os Cuidados Paliativos necessitam de uma abordagem humanista e integrada no tratamento, onde o principal objetivo é fundamental no controle dos sintomas, a qualidade de vida e a independência do paciente. É de grande importância também a compreensão de todas as dimensões da vida desses pacientes e seus familiares, que estão fragilizadas nesta fase e devem ser cuidadas: necessidades físicas, sociais, psicoemocionais e espirituais.